Abstract:
A partir de 1851, coincidindo com um período de
relativa estabilidade política, Portugal reuniu as condições necessárias ao
desenvolvimento do seu plano imperial, o que permitiu maior continuidade da
ação governamental. Portugal acreditava na riqueza das suas colónias africanas,
e a expedição Iter Angolense (1853–1860), liderada por Friedrich Martin Joseph Welwitsch
(1806–1872), médico e botânico austríaco, ocorreu numa altura em que o plano imperial
se concretizava. O objetivo seria coletar dados, plantas, animais e minerais
para análise científica e verificar o potencial económico do que hoje
conhecemos como Angola. Como resultado da expedição, Welwitsch coletou cerca de
5.000 espécies de plantas, das quais 1.000 eram novas para a ciência. Durante
esta expedição, o botânico conheceu David Livingstone (1813–1873), o famoso
explorador, médico, geógrafo e missionário. Embora seja reconhecido o fato de
Welwitsch e Livingstone se terem encontrado enquanto estavam em Angola, este
encontro não foi estudado em profundidade. Esses famosos exploradores encontraram-se
no Golungo Alto (1854), e este encontro iria afetar ambos, mas de modos diferentes.
Esta apresentação pretende explorar o impacto deste encontro num período que antecedeu
a formação da Sociedade de Geografia, Lisboa (1875) e a Corrida a África. Para
além deste caso, no Projeto KNOW.AFRICA | Redes de conhecimento na África
Oitocentista: uma abordagem das Humanidades Digitais dos encontros coloniais e
do conhecimento local nas narrativas de expedições portuguesas (1853-1888)
(ref. FCT – 2022.01599.PTDC), pretende-se para além da expedição Iter
Angolense, analisar as invisibilidades nas expedições de Capelo e Ivens e
Henrique Carvalho.